segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O poder da bênção

Ser cristão é ser um “acontecimento feliz” para o mundo, para as pessoas que conosco convivem. Eis-nos diante deste lindo desafio: ser bênção, exalar o perfume de Cristo, ser presença de Deus onde quer que estejamos. Mas, para isso, precisamos vigiar nosso comportamento e renunciar a alguma práticas que, muitas vezes, sem percebermos, tornam-se comuns em nosso meio. 
altA palavra bênção possui significados muito profundos e ricos. Entretanto, dois me chamam bastante a atenção: bênção significa benefício e também acontecimento feliz. Ao sermos abençoados por nosso Abbá(nosso Pai-Deus querido) somos cumulados de seus benefícios: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e jamais te esqueças de todos os seus benefícios.” “É Ele que cumula de benefícios a tua vida, e renova a tua juventude como a da águia” (Sl. 102, 2.5). Portanto, bênção é um benefício, um bem generosamente dirigido a alguém. Por outro lado, bênção é um favor que gera satisfação, felicidade, júbilo interior, contentamento, grande alegria; é um acontecimento feliz. O maior ícone desse favor, desse acontecimento, feliz foi a encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto do céu nos abençoou com toda a bênção espiritual em Cristo” (Ef. 1, 3).
Nesse sentido, também nós precisamos ser bênção para os outros. Uma vez abençoados por Deus, sejamos nós uma bênção para os irmãos em Cristo, para a nossa família, para os nossos lares, para a Igreja, para o Grupo de Oração do qual fazemos parte, para a RCCBRASIL, para o mundo em suas diversas implicações e desdobramentos. Precisamos ser esses “vasos transbordantes do benefício de Deus” e também esse “acontecimento feliz” na vida das pessoas. É como o Senhor falou a Abrão: “Eu te abençoarei e exaltarei o teu nome, e tu serás uma fonte de bênçãos” (Gn, 12, 2b).
Ser, pois, agente transbordante do benefício de Deus implica em exalar o perfume de Cristo (cf. II Cor. 2, 14-15) através de nossas atitudes, postura, expressões faciais; através de nossos gestos, olhar, sentimentos, critérios, impulsos; através das prioridades que traçamos para nossas vidas, das escolhas que fazemos, das palavras que proferimos. De modo particular, quero me deter aqui na possibilidade de sermos agentes transbordantes do benefício de Deus através das nossas palavras. Sabemos que uma palavra tanto pode edificar, reconstruir, restabelecer, quanto pode ferir, matar, massacrar alguém. São Tiago nos ensina que um homem ou uma mulher que refreia sua língua é alguém perfeito, capaz de refrear todo o seu corpo (cf. Tg. 3, 2b). E ele denunciou o que acontecia naquela comunidade, que não é diferente do que acontece hoje: “Com ela (língua) bendizemos o Senhor, nosso Pai, e com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma mesma boca procede a bênção e a maldição. Não convém, meus irmãos, que seja assim” (Tg. 3, 9-10).
Irmãos, sabemos que xingamentos, calúnias, falsos testemunhos, fofocas, palavras de depreciação e de julgamentos temerários, gritarias, palavras geradas por impulso de raiva dentre outras não são palavras de bênção. Precisamos cuidar também para que não caiamos na armadilha de, movidos algumas vezes pela falsa pretensão de fazermos uma crítica construtiva, querer, em verdade, nos sobrepor ao outro para diminuí-lo e colocá-lo em xeque. Por vezes não exalamos o perfume de Cristo através de nossa língua, mas apresentamos uma espécie de espada bem afiada e fria a cortar o pescoço dos irmãos e a disseminar coisas que não são de Deus entre nós. Nossa língua precisa ser comunicadora do benefício de Deus!
De igual modo, somos chamados a ser um “acontecimento feliz” na vida das pessoas. Quantas vezes ouvimos: “você foi enviado por Deus para me levantar” ou “sinto tanta paz quando estou com você ou quando converso com você”... Ser um acontecimento feliz na vida das pessoas é simplesmente mostrar a Face de Cristo para elas e conduzi-las para Deus através de nossas palavras e testemunho credível (cf. PortaFidei, 15). O Papa Paulo VI, ao nos exortar que precisamos ter “fogo no coração, palavra nos lábios e profecia no olhar”, pretendeu abranger todos esses níveis da vida cristã: a experiência profunda com Deus que arde em nós, o impulso ardoroso de anunciar oportuna e importunamente a Boa-Nova e o testemunho coerente e eloquente do verdadeiro seguimento de Cristo.
Vinícius Rodrigues Simões
Grupo de Oração Jesus Senhor
Coordenador Nacional do Ministério de Formação RCCBRASIL

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