quinta-feira, 7 de julho de 2011

O COMBATE ESPIRITUAL


Combate no grego é “strateo” que significa “expedição”, “campanha”, “guerra”. O uso desse vocábulo é proveniente do contexto militar romano. O apostolo Paulo inúmeras vezes o utilizou para mostrar que a vida do cristão deve ser a de um soldado.
O clássico texto de São Paulo aos Efésios 6, 10-20 – a armadura do cristão – é o exemplo mais conhecido dessa associação entre a vida do soldado e a vida do cristão. Há também outras passagens bíblicas que atestam isso: Fl 1,30; 1Tim 1,18; 6,12; 2Tim 4,7.
Esse combate espiritual não acontece em uma “outra dimensão”; num “cosmo distante” ou nas regiões celestiais. O palco sobre o qual ele se desenrola é a terra onde habitamos (Ap 12,12).
“Só um louco não vê, só o estulto não compreende” (Sl 91,7) ao ver os sinais tão evidentes desse combate acontecendo: guerras nacionais e tribais; continentes inteiros condenados à morte; aumento da violência, da criminalidade, predominância de leis mais contrárias à vida e que favorecem o aborto; a segregação racial, a usurpação da lei natural das relações entre homem e mulher; milhares de jovens viciados em drogas, desagregação familiar, hedonismo, xenobismo, relativismo, secularismo, etc.
Ondas de paganismo assolam nações; em outras predominam o fundamentalismo armado, crescem exageradamente os adeptos dos grupos de tendências satânicas; pessoas de má fé usam o Nome e a Pessoa de Jesus em benefícios próprios; apostasias dentro da igreja, perseguições aos cristãos, catástrofes naturais: “O planeta grita por socorro”.
Longe de querer fazer um “prognóstico dos últimos tempos”, esse quadro objetivamente nos alerta para o fato de que o combate espiritual está mais próximo do que imaginamos.
“Isso é tanto mais importante, porque sabeis que em que tempo vivemos. Já é hora de despertarmos do sono. A salvação está mais próxima do que quando abraçamos a fé. A noite vai adiantada e o dia vem chegando. Despojemos-nos das obras das trevas e vistamos-nos das armas da luz”. (Rm 13,11-12)
Num tom altivo e profético, o Papa João Paulo II afirmou que “estamos no meio de uma luta entre as forças obscuras do mal e as forças da redenção” (A queda dos anjos rebeldes¹).
O tempo urge por uma decisão. Não dá mais para ficar em cima do muro. É preciso decidir de que lado nós queremos estar. Os indecisos são os primeiros a tombarem no combate(Ap 3,16).
Sábias e incisivas foram as palavras do Papa Paulo VI ao dizer que “o cristão deve ser militante, vigilante e forte”(Livrai-nos do Mal²).
Como nunca, precisamos de homens e mulheres que defendam os direitos de Deus, da igreja e da própria dignidade humana, Homens e mulheres que sejam retos no seu falar e no seu proceder. Que sejam capazes de dar uma resposta clara acerca das verdades fundamentais da salvação realizada em Jesus Cristo e da missão confiada à Igreja.
Todo batizado, sem exceção, é chamado a ser “Soldado de Cristo” (2Tim 2,3). Tertuliano, um dos grandes Padres da Igreja do século III, chamava o Sacramento do Batismo de “Sacramentum Militare”, Sacramento do Combate. Para ele, batizar-se correspondia ao ingresso imediato na Milícia de Cristo e aptidão para as lutas que deveria travar. Militia est vitam hominis super terram (Jó 7,1).
Descruzemos nossos braços! Tomemos a espada do Espírito, que é a palavra de Deus, e empunhemos o escudo da fé! Toquemos as trombetas! Gritemos: “Vitória de Deus!”.
Ergamos o estandarte da Santa Cruz! Marchemos diligentemente! O combate contra as forças do mal “é próprio da vida da Igreja neste tempo derradeiro da historia da salvação” (A queda dos anjos rebeldes³).
¹ Catequese do Papa João Paulo II. Audiência de 13/08/1986, publicada no L’Osservatore Romano, ed. port., de 17/08/1986.
² Audiência de 15/11/1972, publicada no L’Osservatore Romano, ed. port. Em 24/11/1972.
³ Catequese do Papa João Paulo II, Audiência de 13/08/1986, publicada no publicada no L’Osservatore Romano, ed. port., de 17/08/1986
Padre Gilson Sobreiro
Fundador da “Fraternidade “O Caminho”
Trecho extraído do livro: Batalha Espiritual

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